Pisotear os outros para se valorizar
- joycedibout
- 1 de mai. de 2021
- 8 min de leitura

Você já criticou alguém só para se sentir melhor? Você já criticou alguém só para não se sentir desvalorizado? Você já diminuiu alguém só para não se sentir inferior? Ou então, você já foi criticado ou diminuído por alguém e ficou sem entender o porque ?
Pois é, eu acredito que todos nós já passamos por situações como essa ao menos uma vez na vida. Eu mesma vivi essa situação várias vezes, uma delas na forma mais extrema possível e por outras vezes, de forma mais leve, mas eu não estive sempre na posição de ”vítima” , como humano que sou, eu também costumava criticar as pessoas na época em que eu não vivia plenamente o amor próprio só para me sentir melhor na minha pele.
Essa necessidade de desvalorizar o outro para não se sentir inferior vem de uma profunda insegurança, do medo e da falta de amor próprio que podemos experimentar em certas fases da nossa vida.
Geralmente, as pessoas que precisam desvalorizar alguém para se sentir melhor vivem em uma grande dependência afetiva, ou seja, elas dão ao outro o poder de ditar o valor que elas têm e vivem dentro de uma grande ansiedade emocional,o que significa que elas estão o tempo todo em busca da validação e reconhecimento do outro e para conseguir uma boa ”nota”, elas estão dispostas a desvalorizar os outros, tentando apagar o brilho daqueles que elas consideram como potenciais ”ameaças”. Elas também vivem em um mundo de constante comparação, elas vêm a concorrência em tudo e em todos e encaram isso de forma negativa vendo seus ”concorrentes” como inimigos a serem eliminados do seu suposto « território«
Da sua forma mais leve, as pequenas críticas, comparações e a tentativa de rebaixar o outro estão presentes no nosso dia a dia e até na nossa postura como sociedade. Exemplo, na época em que eu não vivia plenamente o amor próprio, eu já cheguei a criticar algumas mulheres fisicamente só para me sentir melhor no meu corpo, eu tentava achar qualquer defeito ou elemento que a desabonasse, seja ele físico ou a nível comportamental para que eu me sentisse melhor, para que eu não me sentisse a última da fila, principalmente no caso em que essa mulher fosse elogiada pelo meu companheiro da época.
Pois é, os piores comportamentos humanos nascem do medo e da insegurança e nos mostram como somos frágeis e induzidos a ferir outras pessoas apenas porque somos inseguros e porque somos feridos no âmbito do amor próprio, porque não nos amamos verdadeiramente e porque não nos sentimos bem na nossa própria pele.
Esse exemplo é um dos mais leves e naturais que podemos encontrar, mas essas ”micro críticas” aos outros podem nos levar por um caminho muito mais obscuro se você escolher trilha-lo por muito tempo.
Eu vou te contar experiência mais extrema que tive nesse assunto:
Era meu primeiro emprego de carteira assinada, eu tinha acabado de completar o ensino médio e estava super animada, passar no processo seletivo tinha sido uma vitória, existiam muitos candidatos e eu era certamente a menos experiente, mas isso não impediu que a empresa me contratasse e eu consegui esse emprego como recepcionista em uma empresa X. Eu era muito inocente nessa época, eu tinha acabado de completar meus 18 anos e não conhecia nada do mundo profissional, e foi assim que eu me encontrei vítima de assédio moral.
No começo, eram críticas leves, de forma que me levavam à pensar que fosse apenas uma forma desajeitada dessa pessoa de se dirigir a mim e isso caminhou progressivamente para frases como: ”essa menina é drogada”, ”essa menina cheira uma, só pode”, ”nossa você é bem burrinha né”, até o momento em que essa mesma pessoa passava de setor em setor me humilhando. Eu suportei essa situação por 6 meses e quem colocou um fim no meu contrato foi minha mãe, que após escolher vir almoçar comigo um dia, me via apenas chorando e em pânico de voltar ao trabalho. Essa primeira experiência traumatizante na época, desencadeou uma grande crise ansiosa, que somada as feridas que eu tinha para curar da relação desastrosa que tive com meu pai, me fez tocar o fundo do poço, era simplesmente impossível para mim ir à uma lanchonete sem ter uma crise de pânico, eu perdia o ar, achava que ia morrer, tinha taquicardia, suava frio, eu era incapaz de falar, eu nunca tinha vivido algo parecido até o momento, e foi aí que eu me dei conta que eu era prisioneira do pânico com apenas 18 anos. Eu sou grata por ter tido a força de procurar ajuda e ter encontrado bons profissionais que me ajudaram durante 6 anos a me livrar da ansiedade, do pânico e a curar as minhas feridas, eu brinco que depois de todo esse tempo fazendo terapia, eu já ganhei meu diploma.
Se eu estou te contando isso, é porque ninguém está isento de viver situações como essa e quando a gente está dentro, a gente não têm a mínima noção de que estamos sofrendo assédio moral até o momento que isso explode, aliás, esse o termo ”assédio moral” eu nem conhecia na época. Eu uso esse exemplo, para que você veja o extremo ao qual esse comportamento quase que natural de criticar tudo e todos só para se sentir melhor, pode te levar a fazer.
Depois de ter caminhado por toda essa estrada eu percebi que na verdade eu não sou a pessoa mais sofredora dessa história, pois tudo isso me conscientizou sobre certos comportamentos e me permitiu procurar a ajuda necessária para curar minhas feridas e me tornar em quem eu sou hoje. Mas sabe aonde está essa pessoa que me insultava? Na mesma empresa e no mesmo cargo, eu soube que eu não era a primeira e não fui a última à viver essa situação com ela,ou seja, quando não trabalhamos em nós mesmos, não colocamos em questão nossos comportamentos habituais e quando não escolhemos enfrentar nossos fantasmas e curar nossas feridas, estamos suscetíveis a agir através do medo e repetir nossos comportamentos destrutíveis. Eu não quero dizer que minha vida seja melhor que a dela, o que eu quero te explicar, é que essa pessoa que me insultava quase que todos os dias tinha sofria ( e talvez sofra ainda) de um mal estar interior enorme e não vivia no amor próprio, ela era insegura demais e ela se sentia aliviada de me pisotear porque isso a permitia de não se sentir inferior, de sentir que ela tinha algum valor. Esse comportamento de defesa do ego te induz a viver em uma realidade paralela inexistente, por exemplo, nesse caso, mesmo se eu ou todas as outras pessoas que já tinham trabalhado como recepcionista nesse lugar, não tivessem interesse no cargo dessa pessoa, mesmo se nós não tivéssemos a formação, nem a competência e nem o tempo de empresa para ocupar o lugar dela, ela vivia uma alucinação, um delírio que ela sozinha tinha criado na cabeça dela, de que eu ou essas outras pessoas pudessem tomar o seu lugar, ela vivia no mundo do medo que ela mesmo criou. Eu as vezes fico imaginado como deve ser difícil estar na pele de uma pessoa assim, viver no medo de ser ”substituído”, de não saber seu valor,de não se amar, de nao estar a altura de algo ou alguém, de se sentir constantemente ameaçado e viver 24 horas por dia na defensiva. Já imaginou como deve ser difícil carregar esse peso no coração?
Mais uma vez, todos nós estamos suscetíveis a ter esse comportamento em assuntos que a gente não domina, em lugares ou com pessoas que a gente não se sente plenamente confiante e em diferentes graus de intensidade, mas o mais perigoso disso tudo, é que estamos permitindo de sermos controlados pelo sentimento de medo e insegurança.
E como podemos evitar de cair nessa necessidade de diminuir os outros para se sentir valorizado?
1. Amor próprio e auto confiança
Mais uma vez um elemento essencial, o amor próprio, como já dito anteriormente, tem seus dois grandes pilares na auto-aceitação e no auto conhecimento. Aceite-se, ame suas partes de luz e de sombra, não tenha medo de ser vulnerável e admitir seus pontos à desenvolver (defeitos), ninguém é perfeito, aceitar-se é o primeiro passo para o pleno amor de si e para se reconstruir. Para se amar por inteiro, é preciso se conhecer a fundo, saber onde a gente é mais suscetível a tropeçar conosco e com os outros.
Não deixe de assistir e aplicar os conselhos dos dois episódios de podcast sobre amor próprio que eu já lancei.
2. Entender a pluralidade da vida
Quando a gente entende a pluralidade da vida, do ser humano e o quanto isso é positivo, o quanto é necessário que sejamos diferentes, nossa perspectiva muda. Já imaginou se todos tivessem as mesmas qualidades e os mesmos defeitos que você? Talvez fosse impossível o funcionamento do mundo e da sociedade porque nós só sobrevivemos graças aos diferentes dons e talentos, nós precisamos do outro, então viva o talento e as qualidades do outro e ainda bem que eles não são os mesmos que os meus e os seus .Por exemplo, se hoje se você está doente, você procura um médico, se você quer aprender, você procura um professor, é preciso apreciar essa pluralidade humana, apreciar as qualidades, os dons, talentos, facilidades e os interesses dos outros , pois são graças à estes que podemos ter acesso a inúmeras coisas, que bom que cada um tem algo a agregar de diferente ao mundo, por isso, ao invés de procurar defeitos no outro para se sentir valorizado, passe a apreciar os diferentes pontos fortes em cada pessoa e a falar mais de você e dos seus pontos fortes. É simplesmente ter a consciência que apagar a luz do outro, não ascende a minha, só vai colocar todo mundo no escuro.
3. Não se compare
Você é um ser humano único, ninguém no mundo é como você e o que você oferece ou poderia oferecer ao mundo, ninguém pode oferecer no seu lugar. Pare de se comparar e de se sentir ameaçado pelo outro, se seu chefe elogia alguém ou até mesmo promove uma outra pessoa e isso te abala, talvez você possa estar vivendo na busca por aprovação, em uma dependência afetiva que dá o poder ao outro para definir seu valor, entenda que se o outro foi elogiado e promovido, isso em nada tem haver com você e que talvez seja exatamente isso que acaba incomodando, pois nosso ego é confrontado a ver que o mundo não gira ao nosso redor e nem a nosso favor o tempo todo, que não somos o centro do universo e que existem situações na vida que a gente não pode controlar.
Se o outro foi elogiado, isso não significa que você é o oposto desse elogio ou que você não esta a altura, pensar todo tempo matematicamente, eu sou menos ou mais é estar se comparando, deixe de ser tão exigente e crítico com você mesmo, permita-se viver em paz.
4.Ver a concorrência de forma positiva e viver na abundância
Tudo é uma questão de ponto de vista, sabe aquela mulher ou homem que tem um corpão? Ou então, aquela pessoa que tem o cargo que você queria? Ou ainda, o cara que tem o mesmo negócio ou empresa no seu ramo? Ao invés de ver todo mundo como seu concorrente, entenda que o sol nasce para todos, que a terra é bem grande para todo mundo, que se tem mais empresas no seu ramo, significa que tem mais clientes também, significa que seu ramo de negócio está em um mercado crescente. Aprenda a se inspirar nessas pessoas, pense que eles estão lá para te desafiar e te impulsionar a ir além, a não se acomodar.
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Até a próxima,
Com carinho,
Joyce Dibout





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